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Planilha detalha pedido de atualização dos custos que são usados no cálculo da tarifa em Natal



Na última quarta-feira, 30, o SETURN, sindicato que representa as empresas de ônibus de Natal, enviou ofício para a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (STTU), pedindo a atualização da lista de custos e encargos que é usada no cálculo da tarifa do transporte público na capital potiguar. Este documento foi acompanhado de uma planilha, com os itens listados pela própria secretaria, com cálculos que preveem que a tarifa técnica que deveria ser aplicada é de R$ 5,35. O documento, que foi destinado a titular da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana, Daliana Bandeira, lista motivos pelos quais esse ajuste é necessário para que se mantenha o equilíbrio econômico-financeiro do sistema.

Mas, como se chegou a esse valor? O que é levado em conta para que haja esse parâmetro e o sistema de transporte público possa se tornar rentável? Nesta matéria, o UNIBUS RN apresenta, com exclusividade, a planilha de custos na qual é sugerida a atualização da tarifa técnica do transporte público em Natal.

A planilha apresentada pelo UNIBUS RN, foi obtida junto ao SETURN, que explicou que a lista de custos e encargos é montada pela STTU. A listagem em questão se baseia em um documento que foi protocolado pela pasta no Tribunal Regional do Trabalho em dezembro de 2021. Essa planilha foi apresentada no processo que pede a instalação do dissídio coletivo dos trabalhadores rodoviários – o processo foi instaurado durante a última greve da categoria.

No ofício enviado na última quinta-feira, na qual consta a planilha que apresentamos nesta reportagem, as empresas de ônibus pedem a atualização desse levantamento da STTU feito em dezembro, no qual haveriam dados defasados. “Estamos pedindo para atualizar os preços do diesel atual, do salário do motorista que foi reajustado depois da greve e o preço do veículo”, explicou Nilson Queiroga, consultor do SETURN.

Confira a planilha de custos montada pela STTU, objeto do pedido de atualização enviado pelo SETURN: Acessando o Link UNIBUSRN

Com o pedido de atualização da tarifa técnica contida no documento, o valor subiria de R$ 4,12, conforme o levantamento feito pela STTU e apresentado em dezembro, para R$ 5,35. A tarifa técnica é o valor referencial usado pelas empresas de ônibus para que se garanta a viabilidade econômica de um sistema de transporte público.

Para o UNIBUS RN, o representante das empresas de ônibus explicou ainda que, mesmo que o valor da tarifa técnica fosse adotado como sendo o da tarifa pública – que é o valor pago pelo usuário nos ônibus e alternativos –, não seria suficiente para proporcionar o equilíbrio econômico-financeiro do sistema. “Nosso pedido é para atualizar a planilha da STTU, porque [na] nossa planilha ou na planilha da licitação, o valor [da tarifa técnica] é muito maior”, ressalta Nilson.

Apesar disso, Queiroga foi enfático ao esclarecer que o SETURN não apoia um reajuste no valor que o passageiro paga ao subir no ônibus: “Que fique bem claro: está descartado qualquer reajuste de tarifa para o usuário pagar”.

A tarifa do transporte público em Natal custa, atualmente, R$ 3,90 para o pagamento via bilhetagem eletrônica, e R$ 4,00 para o pagamento em dinheiro. O valor se mantém nesse patamar há aproximadamente três anos.

A assessoria de imprensa da STTU informou para a reportagem que está prevista para ocorrer uma reunião entre empresários e o prefeito de Natal, Álvaro Dias (PSDB), na qual a secretaria irá participar – de acordo com a assessoria, em um encontro inicial, foi acordado de que a pasta faria seus cálculos para apresentar nessa reunião que irá ocorrer. Ainda não há data prevista, de acordo com a STTU, para ocorrer o encontro, estando com a previsão, apenas, de a reunião ocorrer “nos próximos dias”.

Visão de fora: Para que você tenha um melhor entendimento dos dados apresentados na planilha mostrada pelo UNIBUS RN, solicitamos uma análise feita por quem trabalha no sistema, mas que vive em uma realidade diferente da vivida por Natal.

Para Rafael Fontenele, auxiliar de planejamento e operações da Empresa Vitória, operadora de linhas de ônibus em municípios da região metropolitana de Fortaleza e que é referência nacional no segmento de transporte urbano, a lista de insumos e custos usada pela STTU e que é objeto do pedido de atualização por parte do SETURN, não é usada apenas em Natal, o que avalia como um ponto positivo. “A planilha usada para cálculo de tarifa, no sindionibus [entidade que representa as empresas de ônibus] e na Arce [órgão gestor do transporte intermunicipal, área de atuação da Empresa Vitória] aqui no Ceará é esta”, diz.

Porém, há números que podem sofrer distorções. “Achei caro o valor do ônibus em R$ 575 mil”, pontua Rafael, ao esclarecer que, no último lote de ônibus adquirido pela Vitória, o valor investido junto à Caio Induscar foi menor por veículo, sendo que os ônibus não eram os mais básicos disponíveis. “O valor dado para a aquisição de um ônibus novo [na planilha] está para um veículo Marcopolo Torino S, com ar condicionado e suspensão pneumática, existindo outras marcas como a Caio que são mais em conta”, completa.

Outro exemplo de distorção apontado por Fontenele é o preço do pneu. “Em Teresina por exemplo, conversei com um revendedor, que falou de um valor em torno de R$ 500 mais barato do que o apresentado e que, a depender do montante da compra, seria possível conseguir algo em conta”, analisa.

As distorções apontadas na análise feita por Fontenele podem, porém, ser explicados pela alta idade média da frota de ônibus em Natal. “Os itens relacionados à insumos, também se apresentam um pouco acima do que é praticado, mas acaba se justificando pela frota mais antiga que a cidade de Natal apresenta”, diz.

E qual a solução para que o sistema de transporte público de Natal se torne viável economicamente e seja atrativo para os seus usuários? “A solução para o transporte da capital natalense não passa apenas pela tarifa, mas também pela reestruturação do sistema atual, com o redesenho das linhas, baseado nas pesquisas de origem e destino apresentadas por último”, disse Rafael Fontenele.

Fonte: Unibus RN

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